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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Fazer a diferença

 Há tempo não escrevo aqui no blog e acho que meu ultimo post falava exatamente da falta que sinto de escrever. Hoje escrevo motivado por uma pergunta que seu autor talvez nem imagine que me faria refletir tanto e ir tão longe em minha reflexão.
Alguém me perguntou: - Você acredita em um mundo sem miséria? Respondi de pronto que é por isso que luto todo dia. E digo todo dia porque acredito que existem inúmeras formas de construir um mundo mais justo. E já escrevi sobre isso aqui no post Mudar o Mundo.
Uma delas eu estou convencido, e digo a quem for preciso, é a construção do Socialismo. Não acredito na possibilidade de acabar com a miséria no sistema capitalista e nem em qualquer outro que não o Socialismo. O que eu queria hoje era poder convencer disso a todos que passassem na minha frente. Também acho que o mundo melhor pode ser construído com a caridade. Não que o assistencialismo vá mudar a realidade de alguém, mas a esperança pode mudar e mudar muito a perspectiva de uma vida, e isso, sim, faz muita diferença. A velha história de “Fazer a diferença”.
Fazer a diferença não significa simplesmente ser diferente. Fazer a diferença, nesse sentido aqui posto, vai muito além. Vai na linha da construção de um projeto coletivo. Significa fazer algo para que menos pessoas passem fome ou morram em filas de hospitais. E, muito sinceramente, não penso que contribua pra isso quem quer “brincar de fazer revolução”.  Não contribuem pra esse mundo melhor os Irresponsáveis (ou os “300 de Vitória”, como a Gazeta deu para chamá-los) que no auto de sua consciência de classes, esses jovens que no passado encheram as manifestações contra as cotas nas Universidades públicas, contra o PROUNI e contra o REUNI, deixam seus apartamentos e muitos até seus carros para incendiar um coletivo com passageiros ainda dentro. Desses digo a quem interessar: - Não fazem a diferença e nem contribuem para o pregresso. Pelo contrario, contribuem para a manutenção do capitalismo. São pessoas que se intitulam os porta-vozes da sociedade e da juventude. Resta perguntar qual juventude eles representam. Tenho absoluta certeza que não representam a juventude do bairro onde fui criado, mesmo porque a maioria dos que cresceram comigo já não tem voz e nem quem fale por eles. A maioria nunca teve uma oportunidade de passar do ensino básico e os que não estão mortos pelo tráfico, estão presos ou à margem da sociedade. Tem também uns que estão procurando cuidar da vida para garantir que seus filhos (que tiveram precocemente) não passem pelo mesmo que eles passaram na infância ou adolescência. Alguém precisa avisar aos “revolucionários” que a revolução que o povo espera não é só para pagar mais barato na tarifa do ônibus, é também pra que o preço da tarifa (sendo ele qual for) não tire o pão da boca de seus filhos. E isso só se faz com oportunidade. Oportunidade que eles já tiveram de entrar numa faculdade, ter uma perspectiva de vida. E por isso fingem que todo mundo a tem. Esses são os corrompidos pelo sistema. Não aqueles que querem cuidar de suas vidas para não ver seus filhos famintos. Sonho com o dia que todo trabalhador saia às ruas com uma bandeira vermelha para se unir à luta dos movimentos sociais, mas isso não se dará pela imposição. Como disse Florestan Fernandes: “Feita a revolução nas escolas, o povo a fará nas ruas”. Para isso é que defendemos mais acesso à educação. É por acreditar que o mundo só pode ser melhor se o povo for mais bem educado. E hoje estou convencido que quem quer que seja que não defenda o acesso à educação, não quer mudar o mundo e nem fazer a diferença.

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