A frase que dá título a esse post é parte de um comentário feito no Facebook por alguém que se identifica como policial militar e parabeniza a desastrosa (se é que pomos classificar simplesmente como “desastrosa”) ação da polícia militar no Bairro Jardim Tropical (Serra), que terminou com a morte covarde de um de um menor. É muito propício para o momento falar em sorte e azar. Sem dúvida, num estado como o Espírito Santo, que é o segundo mais violento do Brasil e que mais mata jovens, o azar não é só o dos ocupantes do carro alvejado pela polícia militar. O “azar certo” a qual esse cidadão (se é que também podemos chamá-lo assim) se refere pode ser entendido como o azar da falta de escolas de qualidade, o azar da falta de políticas públicas para a juventude, falta de condições básicas de saúde e moradia, etc.. É importante lembrar que o jovem morto na ação desta segunda-feira não é o primeiro; muito outros, em grande maioria, jovens já tiveram suas vidas tiradas por ações como essa do Bairro Jardim Tropical.
Parece que se criou um conceito de que a vida do “bandido” é menos importante que qualquer outra. Parece que a polícia do Espírito Santo está cada vez mais se dando o direito de escolher a quem cabe a sorte ou azar de morrer ou viver. A polícia que devia estar nas ruas para proteger, parece que está nas ruas para matar. Como matou o jovem Andriw diante dos pedidos de misericórdia seus e de sua avó, que viu tudo de perto.
Tudo isso que tem acontecido no último período serve pra relembrar que vivemos num país onde a violência tem cor, idade e mora quase sempre nas periferias. São “elementos padrão”, como a polícia define aquele jovem que tem tudo para estar na criminalidade. Eu prefiro dizer que são jovens a quem falta tudo que precisariam para não estar nela. Depois falam que no Brasil não existe pena de morte. Esses são jovens que não se identificam com a estrutura da escola e por isso são condenados à morte. Outros que tem como única referencia e perspectiva de vida é o crime e por isso também são condenados à morte. Em fim, eu cresci ouvindo que em uma guerra vence quem está mais forte. Parece que na guerra entre a educação e a violência, não tem pra ninguém o azar é certo pra muita gente.
Pra finalizar deixo (acredito que pela segunda ou terceira vez) a musica Meu Guri, de Chico Buarque, aqui interpretada por Elza Soares. Já que nunca poderemos entender a dor das mães que tem perdido seus filhos, deixo-a em memória de tantos guris que tem sido vitimados em nosso estado.
P.S.: Ainda espero um dia abrir o jornal e ler que o governo do estado ou a prefeitura da Serra tenha mandado para esse bairro professores na mesma quantidade que mandou de policiais.
Muito bom texto, meu Irmão!
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