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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Pegando uma carona para 2014

Matéria do ES Hoje

A CPI da Pedofilia foi concluída sem, no fim das contas, nenhum indiciamento e com a reeleição do senador republicano, Magno Malta
Por Danieleh Coutinho (danihcoutinho@eshoje.com.br).
Muitos holofotes, três anos, 1.995 páginas e R$ 600 mil (pagos pelo Senado) depois, o Relatório Final da CPI da Pedofilia foi finalizado. No documento, são feitas recomendações ao Ministério Público, aos Estados especialmente, ao Pará, às prefeituras, aos ministérios da Saúde e da Educação, e ao Poder Judiciário, entre outros. Foram investigadas denúncias de crimes em nove estados.

O relatório final, aprovado nesta quinta-feira (16), aponta políticos, religiosos e até magistrados como suspeitos.  Ao final de três anos, o relatório da CPI não pediu indiciamentos, sob a alegação de que muitos deles já foram indiciados e processados durante o período de funcionamento da comissão. Não há como negar os avanços. Como a lei que prevê oito anos de prisão e multa pela posse de material pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes.

Ou, inclusão do abuso sexual de menores no rol dos crimes hediondos. Foi estabelecida pena de oito a 15 anos de prisão para quem tiver conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com menor de 14 anos. É certo que a sociedade, de certa forma, quebrou o silêncio.

O senador Cristóvão Buarque (PDT) - reeleito no DF - chegou a ser chamado de "candidato de uma nota só" ao defender a bandeira da educação, na disputa pela presidência, há alguns anos. Mas, apesar de a educação continuar insatisfatória - só para usar um eufemismo - , no Brasil, o tema não comove. Não tanto como o abuso físico e psicológico contra crianças, praticado, principalmente, por que tem a obrigação de defende-las.

No Espírito Santo, nas eleições 2010, também ouvimos uma nota só. Mas, estampada em camisas pretas, como frase de efeito, que inundaram a campanha eleitoral. Frase de efeito, afinal, surtiu efeito: a vitória na disputa por uma vaga no senado. Apesar de que, o senador Magno Malta (PR) - e presidente da CPI - negou que fosse sua única bandeira. Não há como negar que, a bandeira da pedofilia ajudou sua reeleição.

"Todos contra a pedofilia" é uma luta nacional, afirmou. Efeito que também teve até um boneco, confeccionado e exposto, durante a campanha. Efeito que surtiu por meio de apelo emocionado e testemunhos televisionados. Para muitos, soou apelativo. Mas, que funcionou, funcionou!

Aliás, qualquer semelhança não é mera coincidência: se um fato chama a atenção na mídia nacional, lá está o senador. Como no primeiro discurso da primeira presidente eleita, Dilma Roussef (PT), no dia 31 de outubro. "Papagaio de pirata", é como foi chamado por muitos brasileiros nas redes sociais.

"Estrategista" diriam os que sabem que o objetivo era vincular sua imagem à vitória. Depois de sua própria vitória, mas, por tudo o que o momento representou para o país. Pegou carona e teve seus mais que cinco minutos de fama, em rede nacional. Mais uma vez.

Malta tem mandato no senado até 2018. Em novembro, segundo informativo divulgado pela assessoria do senador, ele solicitou a criação de uma Comissão do Senado para fiscalizar o Comitê Brasileiro de Organização da Copa do Mundo, presidido pelo próprio presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A Copa é em 2014, mesmo ano em que se realizam as eleições para o governo do Estado.  Seja como candidato ou, apoiando algum candidato, é como dizem os internautas, nas redes sociais: "vamos aguardar".

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